terça-feira, 4 de junho de 2024

Entrevista - Hardgainer: resistência e diversidade no metal extremo

Hardgainer (Fabrício, Jobam, Patrick, Ellen e Raul). Foto: Yasmin Balbino (@yasminbalbino.ph) 

Em mais uma entrevista realizada pela página Metaleiras Negras, vamos conhecer a banda Hardgainer, que conta com Ellen Tavares na bateria, Fabrício Amaro no baixo, Patrick Marçal no vocal e Jobam Martins e Raul Caldeira nas guitarras.


Respostas por Raul Caldeira.

1. A banda surgiu em 2008, o primeiro EP Hardgainer foi lançado em 2016 e o álbum Invisible Walls foi lançado em 2019. O que mudou de lá pra cá?

Em 2008 eu tinha 18 anos, nessa época eu conhecia o Jobam há apenas um ano, ele já era músico e um puta guitarrista, e eu um moleque que queria um dia ser músico (até hoje não consegui rsrs). O início da nossa amizade, além de muitas conversas filosóficas, na maioria das vezes era ele me dando toques sobre guitarra. Com o tempo eu fui mandando músicas que fazia para ele me dizer o que achava, e assim, sem querer, as primeiras músicas da Hardgainer foram surgindo. Conforme o tempo passou eu o convenci a fazer um projeto comigo em que gravaríamos músicas minhas e dele, sem pretensão nenhuma, apenas gravaríamos e lançaríamos na internet, mas por falta de grana a ideia esfriou e ficamos apenas compondo e guardando músicas.

Em 2015 o Jobam começou a mexer com produção, comprou uma interface de áudio e me incentivou a colocar a ideia anterior em prática. E foi o que aconteceu, corri atrás de integrantes que topassem apenas gravar sem compromisso. Selecionei algumas músicas que estavam na gaveta, convidei a Mylena Monaco (Sinaya) para gravar os vocais, o Jobam gravou o baixo, e a bateria foi pura tecnologia. Então em 2016 a ideia ainda era ser um projeto de internet.

Em 2019 foi quando tudo mudou, realmente tínhamos integrantes com a gente e a banda foi se tornando algo mais sólido: queríamos lançar um trabalho maior, fazer shows e tudo mais. Nesse intervalo de tempo encontramos um vocalista fixo (Patrick Marçal), um baixista com sangue no olho (Fabrício Amaro) e um baterista raivoso (Zazá Chagas). Eu e o Jobam ainda tínhamos muitas músicas guardadas que gostaríamos de lançar, então trabalhamos nelas e lançamos, mas agora dividindo o sonho com a galera. Destaque para o Patrick, que manja muito de produção e fez milagre com nossas gravações na época.

Então, o que mudou de lá pra cá foi que antes a Hardgainer era algo que fazíamos despretensiosamente por pura vontade de fazer música pesadausando o pouco que tínhamos em mãos, sem grande pretensões. Hoje se tornou algo que acreditamos muito... Algo que mantem o sonho vivo de, quem sabe um dia, podermos nos dedicar 100% à banda (somos todos da classe trabalhadora, então não é fácil).


2. Vocês podem falar um pouco das barreiras sociais, dos muros invisíveis na sociedade e de que forma isso influenciou o álbum Invisible Walls?

Outra coisa que mudou de 2008 pra hoje, foi que no início as letras eram bem mais introspectivas e pessoais. 10 anos depois muita coisa aconteceu, ideias amadureceram e naturalmente mensagens mais politizadas vieram surgindo na lírica das músicas.

O tema “Invisibel Walls” foi criado como uma provocação ao conceito capitalista liberal “Mão Invisível do Mercado”. Com todas essas ideias que endeusam o mercado, capital, meritocracia, “trabalhe enquanto eles dormem” (entre outras), sendo cada vez mais disseminadas, eu quis ir contra tudo isso, dizendo que após todos esses anos não percebemos autorregulação alguma, como a proposta por Adam Smith. Ou seja, em vez de uma “Mão Invisível” que “organiza” tudo, o que é percebido (e só não percebe quem não quer), são “Paredes Invisíveis criadas pelo próprio sistema.

Sendo assim, o tema central do álbum eu diria que é “Consciência de Classe”. Com as letras das músicas eu tentei trazer luz, apontar e questionar as barreiras sociais que muitos de nós enfrentamos. Então temos músicas que falam sobre desigualdade, racismo, sexismo, fanatismo religioso etc.

3. Estão trabalhando em um novo material?

Falta dinheiro, mas sobra ideia e vontade de lançar coisas novas e bem agressivas. No momento estamos organizando material já criado para apresentar para a banda e trabalharmos em cima juntos. O plano é reunir as melhores coisas, gravar e lançar um EP no ano que vem.


4. Como é a cena rock/metal em São Paulo? Em quais eventos vocês já tocaram?

Tem até que bastante casa, bastante banda, tem as panelas, tem a galera mais aberta... E tudo isso num lugar em que os rolês de bandas cover imperam. Então acho bem interessante, pois é legal ver que ainda tem gente disposta a fazer o próprio som, e lugares dispostos a receber essa galera. Nada disso torna as coisas mais fáceis, mas é bom saber que não estamos sozinhos e que o underground segue respirando.

Em todo esse contexto já tocamos em casas de show de todas as regiões da cidade e às vezes tocamos até na rua mesmo, sem crise. É difícil agora listar todas, mas quero destacar um dos nossos últimos shows que rolou no Estúdio Depois do Fim do Mundo, um evento chamado Help Fest realizado para arrecadar doações para as vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul. Foi um rolê bem legal, com bandas boas e um público muito foda.


Hardgainer. Foto: Yasmin Balbino (@yasminbalbino.ph)

5. Quais são as referências da banda? E as referências negras?

A banda é bem diversa nos gostos e influências, então vou falar por mim. A estética do som acredito que seja uma soma de tudo que ouvi desde que descobri que gosto de música. Então tem coisas ali que passam por Pink Floyd, Iron Maiden, Megadeth, Kreator, Napalm Death, CarcassCannibal Corpse, Sepultura, Sarcófago, até Angra.... Muita coisa.

Mas intenção, e tentativa, era seguir a estética sonora de bandas que ouvi muito no final da minha adolescência, como As Blood Runs Black, As i Lay DyingAll That Remains, Suicide Silence, Lamb Of God, In FlamesSoilwork etc... Essa onda de um metal com bastante influência do Hardcore, menos “True”, mais moderno e mais aberto a novas ideias (às vezes, né? Rsrs).

Para as letras, eu sempre curti os temas abordados pelo Ratos de Porão, e sentia também que o Rap vinha fazendo um papel que o metal quase nunca fez, abordando temas que considero importantes e necessários. Então eu tentei, por influência de alguns mestres do Rap nacional, trazer um pouco daquilo que eu ouvia e me emocionava muito. Esses mestres foram Sabotage, Racionais, Facção Central, Criolo e por aí vai.

Sobre minhas referências negras (vou me restringir a guitarristas para ser mais breve), não posso deixar de citar o grandessíssimo Hendrix e também Vernon Reid, Greg Howe e Tony McAlpine. Crescer vendo esses caras tocando, me ensinou que o mundo da guitarra não é tão branco quanto o mainstream quer que se pareça... E claro, Jobam, né? Admirar uma pessoa como musicista e ter essa pessoa tocando em uma banda com você é muito foda. Sou fã de todos meus camaradas de banda.


6. Quais são os projetos dos integrantes da Hardgainer?

O pessoal da Hardgainer é bem ocupado. Eu sou o único que não tem outros projetos. Mas vamos lá: O Jobam, além de acompanhar músicos tocando diversos estilos, tem um trampo solo de guitarra instrumental, é também guitarrista da banda estadunidense Cline's Mind e em breve vai montar um projeto para tocar as músicas do pai dele, o falecido Maestro Jobam. O Patrick tem um projeto de techdeath, em que ele produz, toca e canta tudo que dá, chamado Noldor, e recentemente assumiu como guitarrista da Nephall. O Fabrício é baixista na Indaíz, banda de reggae bem dahora, e também tem um projeto de rap com o vulgo Irmão Amaro. A Ellen toca bateria com a Lia Clarck. Tudo bem diverso, né? Escutem esses trampos!

7. A baterista Ellen entrou na banda em 2023. Acompanho o trabalho da Ellen de outras bandas e fiquei muito feliz com a notícia de que ela comandaria as baquetas da Hardgainer. Como foi a sua escolha?

A Ellen é foda, como baterista e como pessoa. Certa vez, num período recente pós pandemia, eu estava de bobeira em casa e um amigo me chamou pra colar num cover de JinjerChegando lá, a Ellen era baterista e na hora pensei “caralho que foda, vou ver se essa mina topa tocar na minha banda”, afinal estávamos sem baterista no momento. Eu e mais três pessoas pensaram igual (ela recebeu muitos convites naquele dia). Peguei o contato dela e mandei tudo da banda, ela disse que ia ouvir com calma e me dava uma resposta... Demorou um tempo até a resposta vir, mas ela topou. E todo mundo saiu mais feliz. Foi uma escolha fácil, eu nem chamei outra pessoa, apenas esperei ela dizer que sim.


8. Vocês poderiam falar sobre a minha música favorita do álbum Invisible WallsMissionaries of Hate?

Essa também é uma das minhas favoritas, em breve tocaremos ela ao vivo. Bom, essa música é fruto de tudo que eu observei daquela galera que se veste de verde e amarelo e vai pra Paulista pedir intervenção militar desde 2014, que se diz patriota mas odeia tudo que representa o Brasil, que se considera cristã mas apoia tortura e pena de morte... A música é uma crítica a toda essa racionalidade que trazia o Bolsonaro como salvador da pátria. Eu apenas fiz o que o momento me pediu, peguei a repulsa que sentia e sinto por essas ideias fascistóides e transformei em música. Espero nunca mais “precisar” fazer música sobre essa galera de novo, temos muitos outros problemas para abordar.


9. Deixem um recado para as Metaleiras Negras e os Metaleiros Negros que acompanham a página.

Meu recado é: muito obrigado por chegarem até aqui! Sigam nossa banda nas redes e plataformas digitais para acompanhar as novidades e, se puder, compareça aos nossos shows que eu garanto que o negócio É PESADO.


quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Calendário 2022 - Metaleiras Negras

 


Olá Metaleiras Negras e Metaleiros Negros!
Já está disponível o Calendário 2022 das Metaleiras Negras.

Cada mês foi representado por um grande nome do rock, como Sister Rosetta Tharpe, Robert Johnson, Big Mama Thornton, Litttle Richard, Chuck Berry, Arthur Alexander, Tina Turner, Jimi Hendrix, Death, Tina Bell, Hanna Paulino e Samantha Hollins (Ghetto SongBird). Queria colocar todas as Metaleiras Negras e todos os Metaleiros Negros incríveis que conheço, mas teria que fazer um calendário infinito com tanta gente preta maravilhosa que existe no rock.

Algumas datas importantes do mundo do rock e da negritude foram registradas (uma administradora historiadora não deixaria passar em branco, não é mesmo). Em janeiro, temos o Dia das Mulheres do Rock (03/01) e o Dia de Sister Rosetta Tharpe na Pennsylvania, nos Estados Unidos (11/01). Em março, temos o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial (21/03). Em abril, temos o Dia da Luta Indígena (19/04). Em maio, temos os Dia do Gótico (22/05) e Dia da África (25/05). Em julho, temos o Dia Mundial do Rock (13/07), o Dia da Mulher Negra / Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha / Aniversário do projeto Metaleiras Negras (25/07) e Dia Internacional da Mulher Africana (31/07). Em setembro, temos o Dia Internacional da Mulher Indígena (05/09). Por fim , em novembro temos o Dia Nacional da Consciência Negra (20/11).

Uma das inspirações para a criação do calendário das Metaleiras Negras foi o projeto Calendário Negro, da professora Zelinda Barros. Vale a pena conferir!

Calendário 2022 - Metaleiras Negras possui distribuição gratuita. Fica proibida a comercialização do calendário.

Produzido por Juliana Aparecida, administradora da página Metaleiras Negras.


Aproveitem! Afrobeijos!

terça-feira, 25 de maio de 2021

Vídeo: Bandas de rock africanas (Dia da África - 25 de Maio)

Olá Metaleiras Negras e Metaleiros Negros!

Hoje é o dia da África, por isso trouxe essa lembrança bem trevosa pra vocês. Publiquei o vídeo no canal das Metaleiras Negras no dia 25 de maio de 2020.
Foram citadas as bandas Queen (o vocalista Freddie Mercury nasceu na Tanzânia), Overthrust Death Metal (Botswana), Arkan (Togo), Sasamaso (Madagascar) e Sentido Proibido, Ovelha Negra e Dor Fantasma (Angola).

Afrobeijos!



 

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Entrevista - Dor Fantasma: história e resistência no thrash metal angolano

Banda Dor Fantasma.

Em mais uma entrevista realizada pela página Metaleiras Negras, vamos conhecer a banda de thrash metal angolana Dor Fantasma, que conta com Pagia Henriques Chitumba no vocal e no baixo, Jayro Cardoso na guitarra, Amílcar Gonçalves na guitarra solo e Osvaldo Chadd na bateria.
Perguntas realizadas antes do lançamento do single Visions of Suicide.

1. A banda Dor Fantasma existe desde 2006 no cenário rock angolano. Como é tocar thrash metal em Angola? Encontraram resistência?
Como em toda área social ser diferente é um pouco complicado. Sempre procuramos ter uma sonoridade bem underground e acima de tudo old school. Isso de certa forma foi nos destinguindo dentro da cena rock em Angola visto que a tendência musical aqui é baseado mais no moderno.
Enfrentamos até hoje alguma resistência ao nosso estilo mas também existe um certo público que gosta do ritimo seco e que nós produzimos.

2. Vocês escreveram algumas músicas em umbundo, que é um dos idiomas tradicionais de Angola, se tornando a primeira banda de thrash metal a compor temas em idiomas nativos. Qual é a importância de unir thrash metal e a cultura tradicional?
Resposta 1: Quando a banda decidiu dar o nome de Dor Fantasma foi uma homenagem às vítimas da guerra civil em Angola, propriamente na província do Huambo onde aconteceu o maior conflito militar deste episódio, com muitos mortos e feridos. E após este período ouvimos algumas histórias de pessoas que viram seus entes queridos falecer debaixo de seus olhos, sentiam uma dor em seu coração, mas que também haviam perdido algum membro de seu corpo e mesmo assim sentiam uma Dor Fantasma. Foi então que nossa filosofia musical enraizou-se com a história de Angola/África.
Resposta 2: A música sempre terá história para contar. Nossa filosofia musical é enraizada na história de Nosso povo no passado e na actualidade. O Thrash Metal é um ritimo rebelde que onde passa deixa sua marca de sangue. Isto nos liga à toda aquela história de escravos de nossos ancestrais até chegar a nossa etnia ovimbundu moderna. Nós transformamos a nossa história antiga em música, por isso também decidimos escrever em dialeto nacional, de formas a fazer essa ponte cultural e nos aproximarmos da nossa raça.

3. Vocês participaram de vários festivais em Angola e em outros territórios africanos. Qual foi o mais significativo para vocês?
Tivemos o previlégio de ser uma das bandas de primeira eleição em Angola e isso de certa forma contribuiu bastante para a nossa projeção no exterior. Mas todos os palcos foram marcantes para cada membro da banda porque nosso objetivo é tornar um momento em uma história na vida de cada espectador ou ouvinte de nossa música.

4. Vocês lançaram uma demo em 2007, participaram com a música System em um EP da Cube Records em 2014. Pretendem trabalhar um novo material em breve?
A banda acabou de lançar no dia 30 de Maio o novo single entitulado Visios of Suicide. Estamos a trabalhar para em breve apresentar mais material da banda.

5. Quais são as referências da banda? Existe alguma referência brasileira?
Nossas referências principais, Slayer, Athrax, Death Angel. Sodom, exodus. Ja tivemos uma fase que ouvíamos Sepultura, mas nos primeiros álbuns que eram bem old school com os quais nos identificamos.

6. Vocês possuem outros projetos além da banda Dor Fantasma?
Actualmente só o nosso guitarrista Jayro Cardoso participa de um outro projecto interprovincial de nome Horde of Silence mas está em modo hiato temporariamente.

7. Deixem um recado para as Metaleiras Negras e os Metaleiros Negros que acompanham a página.
Queremos deixar um abraço para todos os seguidores da página e do projecto Metaleiras Negras e pedir que não deixem o Metal morrer nunca, mais união e nunca se esquecer de onde viemos, e principalmente da história da nossa raça, que começou há muitos séculos.

8. Podem deixar os links das redes sociais também.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Entrevista - Ovelha Negra: metal alternativo angolano

Banda Ovelha Negra.

Em mais uma entrevista realizada pela página Metaleiras Negras, vamos conhecer a banda angolana Ovelha Negra, que conta com Mag Oga no vocal, Yannick Matos no baixo, Jay Santos na guitarra e Stelson Victor na bateria.

1. A banda Ovelha Negra existe desde 2015 no cenário rock angolano. Como é tocar metal alternativo em Angola? Encontraram resistência?
A banda na verdade tem uma mistura peculiar de estilos. Tocamos numa onda de punk e metal alternativo e com um toque de nu metal as vezes. Na realidade, exploramos vários sub-géneros com uma identidade muito própria. Temos uma boa aceitação por parte dos nossos seguidores e somos vistos como uma banda de som unicamente característico.



2. Vocês querem transformar Angola na capital do rock em África. Como pretendem fazer isso? 
Transformar Angola na capital do rock em África é um processo que depende de todas as bandas e todo o movimento rocker angolano, como parte do nosso esforço, pretendemos criar um conceito de festival internacional que se torne anual. Na verdade temos um no interior do país, mas nós para além de banda, também somos organizadores de evento, portanto esperamos alcançar esse feito massificando os concertos e festivais.



3. Vocês participaram do Angola Music Awards em 2018, na categoria "Melhor Rock" com a música "Preso". Qual foi a importância do AMA para a banda?
A nossa participação foi nossa maior vitória até hoje. A nomeação deu um "boost" ao nome da banda e ao esforço desde a sua criação.



4. A música "Preso" concorreu no AMA em 2018 e em 2019 ela foi lançada na versão de estúdio. Pretendem trabalhar um novo material em breve?
Este ano tínhamos uma agenda repleta de novidades, no entanto fomos afectados pela situação do Covid19 mas pretendemos reagendar porque esperamos lançar uma EP das nossas 7 músicas originais.

5. Quais são as referências da banda? Existe alguma referência brasileira?
As nossas referências não fogem muito as bandas internacionalmente populares exceto com algumas não tão conhecidas pela maioria. System of a Down, Rage Against the Machine, Motorhead, Lamb of God, Moonspell (de Portugal) , Greenday e outras. De Angola temos os Neblina e Café Negro e do Brasil também são muitas como Project46, Detonautas, Charlie Brown Jr. , Nervosa, John Wayne e outras mais. 
Vale lembrar que Angola tem o Brasil como referência em muitos aspectos, sobretudo no assunto musical.



6. Vocês possuem outros projetos além da banda Ovelha Negra?
Dentro da Ovelha Negra temos um projecto diferente mas ainda é cedo para a gente revelar rsrsrs.



7. Deixem um recado para as Metaleiras Negras e os Metaleiros Negros que acompanham a página.
O nosso recado vai no sentido de sermos sempre firmes nas nossas escolhas e nos nossos ideais e que todos nós apoiantes de Rock/Metal sejamos sempre unidos e prosperos. 💪💪💪💪💪😎




Podem deixar os links das redes sociais também.
Os links estão disponíveis na página, sendo o youtube e o facebook os mais viáveis de momento. 
No google basta pesquisarem: Ovelha Negra Rock Angola.


YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCuqrJYUhQoJ6kcdWnUNoe7w

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Entrevista - Sentido Proibido: amor ao rock direto de Angola

Banda Sentido Proibido, de Angola.
Em mais uma entrevista realizada pela página Metaleiras Negras, vamos conhecer a banda angolana Sentido Proibido, que conta com Nilzo Baptista no vocal e guitarra, Edmilson Baptista "Bil" na guitarra e no vocal, Hernani Silva na guitarra líder e no vocal e Fau Splash na bateria e no vocal.


1. A banda Sentido Proibido existe desde 2013 no cenário rock angolano. Durante esse período, encontraram resistência?
R: A banda enfrentou resistência durante muito tempo, começando pelo facto de que nem nossos pais nos apoiaram quando fizemos a escolha de criar a banda e entrar para esse mundo.
E como essa luta enfrentamos várias outras deste a falta de materiais, estúdios qualificados, etc, tendo de provar sempre a nossa qualidade e valor quer seja dentro do mercado musical angolano, quer seja nos palcos virados apenas pro Rock.

2. Como é a cena rock em Luanda? E nas demais províncias angolanas? 
R: A cena de Rock em Luanda e por toda Angola, é ainda fechada e com uma dimensão menor do que a que queremos e precisamos. 
Vivemos de altos e baixos.
Mas muita coisa tem sido conquistada nos últimos tempos. Hoje temos uma categoria de Rock nas premiações do Angola Music Awards - AMA. 
Hoje temos mais abertura em termos de mídia e do mercado musical nacional, com mais convites e inclusão de bandas de Rock em shows e festivais virados para a música popular. 

3. Em quais eventos vocês tocaram? Vocês podem falar um pouco desses festivais?
R: A banda tocou nos mais diversos eventos e palcos, dentre eles os que mais se destacam são: o Rock No Rio Catumbela - Benguela, O ORLEI - Huambo e o Battle Of The Bands - Luanda.
Os dois primeiros são festivais internacionais que contam com bandas de Rock angolanas e estrangeiras, bem como músicos de outros gêneros músicas. E conseguem congregar milhares de pessoas curtindo os artistas nos dois dias de festival.
Já o Battle Of The Bands, tal como o nome sugere, é um concurso, em que as várias bandas concorrentes duelam mostrando o seu repertório e talento e no final da noite o público e o jurado escolhe a melhor banda em função da qualidade, carisma e musicalidade.
A banda vendedora é premiada com o patrocínio para a gravação de um E.P.
A propósito Sentido Proibido foi a primeira banda a vencer esse concurso isso em 2017.

4. Vocês lançaram o EP ADN em 2018, inclusive ganharam um prêmio pela música "Eu te traí". Pretendem trabalhar um novo material em breve?
R: A banda está a trabalhar em singles novos que estão a ser feitos pensando num novo EP.
Estavamos em gravações na altura em que eclodiu a pandemia do Covid-19, fazendo com que deixássemos as mesmas em stand by até o mundo poder ser colocado no play novamente.

5. Quais são as referências da banda? Existe alguma referência brasileira?
R: As referências são várias, nós bebemos de muitas bandas e isso reflecte-se em nossa musicalidade.
Bandas como: Slaves, Coldplay, I Prevail, Of Mice & Men, Linkin Park, Asking Alexandria, Crossfade, etc... 
Do Brasil, temos bandas como Fresno, Scalene, Nx-Zero.

6. Vocês possuem outros projetos além da banda Sentido Proibido?
R: O guitarrista solo da banda (Hernani Silva), faz parte da banda Singra também, que é uma banda de Metal.
O Baterista (Fau Spalsh) trabalha com Sonoplastia e Produção Musical.

7. Deixem um recado para as Metaleiras Negras e os Metaleiros Negros que acompanham a página.
R: União, amor, muita luz, continuem apoiando a página, continuem apoiando a arte. Que nós artistas continuaremos sendo a voz daqueles que têm voz e precisam de ser ouvidos.

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Obrigado à pagina pelo convite. É uma honra pra banda estar dando entrevista para vocês e esperamos poder estabelecer uma ponte e poder levar o nosso som ao Brasil e trabalhar com bandas e artistas brasileiros.

SENTIDO PROIBIDO 
PELO AMOR À MÚSICA 
PELO AMOR AO ROCK

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Entrevista - Concreto Armado: rock autoral e independente

Concreto Armado. Foto: Ingrid Maia.

Em mais uma entrevista realizada pela página Metaleiras Negras, vamos conhecer a banda Concreto Armado, que conta com Júlio Brito no vocal, Mayco Rodrigues e Luiz Augusto nas guitarras, Felipe Gonçalves no baixo e Raphael Teixeira na bateria.


1. As letras são em português e possuem uma crítica social muito forte. Qual é a importância de letras em português para uma banda de rock autoral e independente? E por que Concreto Armado?
No nosso caso, o fato das letras serem português é uma condição muito natural. Não faz parte da nossa realidade o domínio de um outro idioma, infelizmente até. Mas a pergunta é interessante, porque traz a dimensão da relação com a identidade da linguagem que a gente quer expressar. É um conteúdo crítico, uma leitura de mundo que apesar de ser um papo reto, também dá margem pra alguma subjetividade, o que torna o resultado do trampo ainda mais interessante. Ser autoral e independente é uma questão de resistência em qualquer contexto e, no nosso caso, ser entendido por pessoas que tão vivendo nesse tempo e falam como a gente é o mais importante.

Concreto Armado é essa analogia a uma estrutura forte, mas não suntuosa, enfeitada. É a tentativa de trazer uma linguagem funcional sem ser simplista. É um tipo de postura perante as coisas em vários aspectos. Concreto Armado remete a uma força imanente, possível e necessária.


2. Como a formação dos integrantes influencia na criação das letras?
Cada um tem uma vivência específica, mas o fato de sermos da mesma geração e morarmos na região metropolitana do RJ aproxima o nosso ponto de vista sobre várias questões. Lógico que não é um pensamento uníssono, o que é ótimo, porém a gente tem um pensamento alinhado num mesmo espectro político. A experiência de viver esse contexto histórico atual dá margem pra muita troca de ideia, assunto e informação, o que ajuda na criação da linguagem do conteúdo da banda e no que a gente quer passar.

3. Vocês lançaram o EP Insustentável em julho de 2019. Atualmente, estão compondo e produzindo um novo EP. Como está sendo o processo de criação das letras diante do cenário político atual?
O cenário político atual tá descortinando coisas tão absurdas da vida política brasileira que é difícil até se localizar, se referenciar, centrar as ideias. Mas assunto num falta, né. O Insustentável foi uma consolidação nossa enquanto banda independente na Cena da região e avaliamos o resultado enquanto muito positivo. O feedback das pessoas foi muito bom e a gente gostou do resultado do produto, apesar de ter sido um processo caótico, com troca de integrantes já no período da produção e tal. Pra esse agora, a gente tem um pouco mais de calma e experiência em termos técnicos mesmo. Em relação as letras tem sido natural. O contexto é calamitoso, o que torna a linguagem ainda mais direta. As letras tão saindo mais curtas, mais diretas e se preocupando em registrar o momento, sem espaço pra muita ambiguidade. No Estado do Rio vários grupos neonazistas tão buscando afirmação e legitimidade, a polícia que sempre matou muito tem cada vez mais respaldo pra continuar fazendo as atrocidades que faz. O governador é um psicopata, um cara desprezível, que acaba representando um bando de desesperados e de desprezíveis. As letras tão saindo nesse sentido. As letras e o som da banda, como um todo. O resultado é que acaba sendo um EP mais direto e mais pesado que o anterior, o que vai agradar algumas pessoas e desagradar outras, porém sair da zona de conforto é sempre estimulante.



Concreto Armado. Foto: Ingrid Maia.
4. Como é a cena rock/metal em Niterói e São Gonçalo? Em quais eventos vocês já tocaram?

São Gonçalo é um município com pouco mais de 1 milhão de pessoas, Niterói tem em torno de 500mil, cada um com sua especificidade, mas pertencentes a região metropolitana de uma metrópole como o Rio de Janeiro. Existe uma potencialidade muito grande nessas cenas, na conjuntura atual. Muita banda boa, uma galera se reunindo pra produzir conteúdo, festivais, audiovisual, estúdios. Em SG tem o Rock n' Beer, que é um bar que toca banda autoral todo domingo, o ano todo, por exemplo. Lógico que isso deveria ser um fato normal, mas no contexto das cenas do Estado do Rio não é já faz alguns anos. Em Niterói tem o Coletivo Guerrilha, que organiza eventos que reúnem música, literatura, fotografia,mida e diversas outras expressões e identidades das subculturas urbanas, tudo isso com um caráter antifascista. A perspectiva é sempre de que melhore, mas a ideia é não tentar se iludir ou projetar alguma coisa muito grande e tal. O importante é trabalhar com o que tem e buscar criar mecanismos de sempre melhorar o que tá fazendo, quantitativa e qualitativamente. Ou seja, fazer as coisas, produzir e buscar melhorar individual e coletivamente, sempre.

Entre 2017 e o início de 2020 nós tocamos em alguns espaços de São Gonçalo, Niterói e Rio de Janeiro. O palco do Rock n' Beer com certeza foi o que a gente mais subiu. São parceiros nossos e fundamentais pra reestruturação da cena local. Tocamos também da Lona Cultural Herbert Vianna, na Maré, no DCE da UFF, no Skate Park em Madureira e na Praça Araribóia, num ato antifascista. Subimos em palcos consagrados da região, como o Bar do Blues, Calabouço, Planet Music e Heavy Duty. Pudemos participar ainda de grandes eventos como o Guerrilha Fest, o Rock Noel, o Festival Rock Metropolitano e o Dia Municipal do Rock na cidade de Niterói.


5. Quais são as referências da banda? E as referências negras?
As referências coletivas são Sepultura, Rage Against, System, Planet Hemp, RDP, alguma coisa do rap. Por outro fazendo um apanhado geral de cada membro da banda, podemos citar como referências Nação Zumbi, Black Alien,Tim Maia, Racionais Mc's, Sabotage, Jorge Ben, Luiz Melodia, Bezerra da Silva, James Brown, Chuck Berry, Minnie Riperton, Bad Brains, Living Colour, William DuVall, Derrick Green, Tupac, Bob Marley, Peter Tosh, Tony Royster Jr. No que diz respeito a forma como enxergamos a realidade, são referências Carlos Mariguella, Milton Santos, Angela Davis e os Panteras Negras, Malcom X, Achille Mbembe, Albert Memmi.

6. Vocês possuem outros projetos além da banda Concreto Armado?
Não, atualmente tudo que a gente tem feito nesse sentido tá canalizado no projeto Concreto Armado.

7. Deixem um recado para as Metaleiras Negras e Metaleiros Negros que acompanham a página.
Pra gente foi um privilégio participar dessa entrevista. A gente acompanha e admira muito o trampo de vocês. É muito importante esse tipo de coletivo, trazendo esse tipo de informação e abrindo o leque de bandas que possuem um diálogo e uma postura frente a cena e ao contexto atual. Continuem firmes e faremos o máximo pra nos mantermos firmes também! A vida segue e a gente tem que seguir e cada vez mais nesse espírito de união e fortalecimento. Tamo junto pro que precisarem e vamo que vamo. Ouçam a Concreto Armado e leiam Metaleiras Negras.


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Entrevista - Hardgainer: resistência e diversidade no metal extremo

Hardgainer (Fabrício, Jobam, Patrick, Ellen e Raul). Foto: Yasmin Balbino (@yasminbalbino.ph)  Em mais uma entrevista realizada pela página ...