segunda-feira, 22 de junho de 2020

Entrevista - Dor Fantasma: história e resistência no thrash metal angolano

Banda Dor Fantasma.

Em mais uma entrevista realizada pela página Metaleiras Negras, vamos conhecer a banda de thrash metal angolana Dor Fantasma, que conta com Pagia Henriques Chitumba no vocal e no baixo, Jayro Cardoso na guitarra, Amílcar Gonçalves na guitarra solo e Osvaldo Chadd na bateria.
Perguntas realizadas antes do lançamento do single Visions of Suicide.

1. A banda Dor Fantasma existe desde 2006 no cenário rock angolano. Como é tocar thrash metal em Angola? Encontraram resistência?
Como em toda área social ser diferente é um pouco complicado. Sempre procuramos ter uma sonoridade bem underground e acima de tudo old school. Isso de certa forma foi nos destinguindo dentro da cena rock em Angola visto que a tendência musical aqui é baseado mais no moderno.
Enfrentamos até hoje alguma resistência ao nosso estilo mas também existe um certo público que gosta do ritimo seco e que nós produzimos.

2. Vocês escreveram algumas músicas em umbundo, que é um dos idiomas tradicionais de Angola, se tornando a primeira banda de thrash metal a compor temas em idiomas nativos. Qual é a importância de unir thrash metal e a cultura tradicional?
Resposta 1: Quando a banda decidiu dar o nome de Dor Fantasma foi uma homenagem às vítimas da guerra civil em Angola, propriamente na província do Huambo onde aconteceu o maior conflito militar deste episódio, com muitos mortos e feridos. E após este período ouvimos algumas histórias de pessoas que viram seus entes queridos falecer debaixo de seus olhos, sentiam uma dor em seu coração, mas que também haviam perdido algum membro de seu corpo e mesmo assim sentiam uma Dor Fantasma. Foi então que nossa filosofia musical enraizou-se com a história de Angola/África.
Resposta 2: A música sempre terá história para contar. Nossa filosofia musical é enraizada na história de Nosso povo no passado e na actualidade. O Thrash Metal é um ritimo rebelde que onde passa deixa sua marca de sangue. Isto nos liga à toda aquela história de escravos de nossos ancestrais até chegar a nossa etnia ovimbundu moderna. Nós transformamos a nossa história antiga em música, por isso também decidimos escrever em dialeto nacional, de formas a fazer essa ponte cultural e nos aproximarmos da nossa raça.

3. Vocês participaram de vários festivais em Angola e em outros territórios africanos. Qual foi o mais significativo para vocês?
Tivemos o previlégio de ser uma das bandas de primeira eleição em Angola e isso de certa forma contribuiu bastante para a nossa projeção no exterior. Mas todos os palcos foram marcantes para cada membro da banda porque nosso objetivo é tornar um momento em uma história na vida de cada espectador ou ouvinte de nossa música.

4. Vocês lançaram uma demo em 2007, participaram com a música System em um EP da Cube Records em 2014. Pretendem trabalhar um novo material em breve?
A banda acabou de lançar no dia 30 de Maio o novo single entitulado Visios of Suicide. Estamos a trabalhar para em breve apresentar mais material da banda.

5. Quais são as referências da banda? Existe alguma referência brasileira?
Nossas referências principais, Slayer, Athrax, Death Angel. Sodom, exodus. Ja tivemos uma fase que ouvíamos Sepultura, mas nos primeiros álbuns que eram bem old school com os quais nos identificamos.

6. Vocês possuem outros projetos além da banda Dor Fantasma?
Actualmente só o nosso guitarrista Jayro Cardoso participa de um outro projecto interprovincial de nome Horde of Silence mas está em modo hiato temporariamente.

7. Deixem um recado para as Metaleiras Negras e os Metaleiros Negros que acompanham a página.
Queremos deixar um abraço para todos os seguidores da página e do projecto Metaleiras Negras e pedir que não deixem o Metal morrer nunca, mais união e nunca se esquecer de onde viemos, e principalmente da história da nossa raça, que começou há muitos séculos.

8. Podem deixar os links das redes sociais também.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Entrevista - Ovelha Negra: metal alternativo angolano

Banda Ovelha Negra.

Em mais uma entrevista realizada pela página Metaleiras Negras, vamos conhecer a banda angolana Ovelha Negra, que conta com Mag Oga no vocal, Yannick Matos no baixo, Jay Santos na guitarra e Stelson Victor na bateria.

1. A banda Ovelha Negra existe desde 2015 no cenário rock angolano. Como é tocar metal alternativo em Angola? Encontraram resistência?
A banda na verdade tem uma mistura peculiar de estilos. Tocamos numa onda de punk e metal alternativo e com um toque de nu metal as vezes. Na realidade, exploramos vários sub-géneros com uma identidade muito própria. Temos uma boa aceitação por parte dos nossos seguidores e somos vistos como uma banda de som unicamente característico.



2. Vocês querem transformar Angola na capital do rock em África. Como pretendem fazer isso? 
Transformar Angola na capital do rock em África é um processo que depende de todas as bandas e todo o movimento rocker angolano, como parte do nosso esforço, pretendemos criar um conceito de festival internacional que se torne anual. Na verdade temos um no interior do país, mas nós para além de banda, também somos organizadores de evento, portanto esperamos alcançar esse feito massificando os concertos e festivais.



3. Vocês participaram do Angola Music Awards em 2018, na categoria "Melhor Rock" com a música "Preso". Qual foi a importância do AMA para a banda?
A nossa participação foi nossa maior vitória até hoje. A nomeação deu um "boost" ao nome da banda e ao esforço desde a sua criação.



4. A música "Preso" concorreu no AMA em 2018 e em 2019 ela foi lançada na versão de estúdio. Pretendem trabalhar um novo material em breve?
Este ano tínhamos uma agenda repleta de novidades, no entanto fomos afectados pela situação do Covid19 mas pretendemos reagendar porque esperamos lançar uma EP das nossas 7 músicas originais.

5. Quais são as referências da banda? Existe alguma referência brasileira?
As nossas referências não fogem muito as bandas internacionalmente populares exceto com algumas não tão conhecidas pela maioria. System of a Down, Rage Against the Machine, Motorhead, Lamb of God, Moonspell (de Portugal) , Greenday e outras. De Angola temos os Neblina e Café Negro e do Brasil também são muitas como Project46, Detonautas, Charlie Brown Jr. , Nervosa, John Wayne e outras mais. 
Vale lembrar que Angola tem o Brasil como referência em muitos aspectos, sobretudo no assunto musical.



6. Vocês possuem outros projetos além da banda Ovelha Negra?
Dentro da Ovelha Negra temos um projecto diferente mas ainda é cedo para a gente revelar rsrsrs.



7. Deixem um recado para as Metaleiras Negras e os Metaleiros Negros que acompanham a página.
O nosso recado vai no sentido de sermos sempre firmes nas nossas escolhas e nos nossos ideais e que todos nós apoiantes de Rock/Metal sejamos sempre unidos e prosperos. 💪💪💪💪💪😎




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Os links estão disponíveis na página, sendo o youtube e o facebook os mais viáveis de momento. 
No google basta pesquisarem: Ovelha Negra Rock Angola.


YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCuqrJYUhQoJ6kcdWnUNoe7w

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Entrevista - Sentido Proibido: amor ao rock direto de Angola

Banda Sentido Proibido, de Angola.
Em mais uma entrevista realizada pela página Metaleiras Negras, vamos conhecer a banda angolana Sentido Proibido, que conta com Nilzo Baptista no vocal e guitarra, Edmilson Baptista "Bil" na guitarra e no vocal, Hernani Silva na guitarra líder e no vocal e Fau Splash na bateria e no vocal.


1. A banda Sentido Proibido existe desde 2013 no cenário rock angolano. Durante esse período, encontraram resistência?
R: A banda enfrentou resistência durante muito tempo, começando pelo facto de que nem nossos pais nos apoiaram quando fizemos a escolha de criar a banda e entrar para esse mundo.
E como essa luta enfrentamos várias outras deste a falta de materiais, estúdios qualificados, etc, tendo de provar sempre a nossa qualidade e valor quer seja dentro do mercado musical angolano, quer seja nos palcos virados apenas pro Rock.

2. Como é a cena rock em Luanda? E nas demais províncias angolanas? 
R: A cena de Rock em Luanda e por toda Angola, é ainda fechada e com uma dimensão menor do que a que queremos e precisamos. 
Vivemos de altos e baixos.
Mas muita coisa tem sido conquistada nos últimos tempos. Hoje temos uma categoria de Rock nas premiações do Angola Music Awards - AMA. 
Hoje temos mais abertura em termos de mídia e do mercado musical nacional, com mais convites e inclusão de bandas de Rock em shows e festivais virados para a música popular. 

3. Em quais eventos vocês tocaram? Vocês podem falar um pouco desses festivais?
R: A banda tocou nos mais diversos eventos e palcos, dentre eles os que mais se destacam são: o Rock No Rio Catumbela - Benguela, O ORLEI - Huambo e o Battle Of The Bands - Luanda.
Os dois primeiros são festivais internacionais que contam com bandas de Rock angolanas e estrangeiras, bem como músicos de outros gêneros músicas. E conseguem congregar milhares de pessoas curtindo os artistas nos dois dias de festival.
Já o Battle Of The Bands, tal como o nome sugere, é um concurso, em que as várias bandas concorrentes duelam mostrando o seu repertório e talento e no final da noite o público e o jurado escolhe a melhor banda em função da qualidade, carisma e musicalidade.
A banda vendedora é premiada com o patrocínio para a gravação de um E.P.
A propósito Sentido Proibido foi a primeira banda a vencer esse concurso isso em 2017.

4. Vocês lançaram o EP ADN em 2018, inclusive ganharam um prêmio pela música "Eu te traí". Pretendem trabalhar um novo material em breve?
R: A banda está a trabalhar em singles novos que estão a ser feitos pensando num novo EP.
Estavamos em gravações na altura em que eclodiu a pandemia do Covid-19, fazendo com que deixássemos as mesmas em stand by até o mundo poder ser colocado no play novamente.

5. Quais são as referências da banda? Existe alguma referência brasileira?
R: As referências são várias, nós bebemos de muitas bandas e isso reflecte-se em nossa musicalidade.
Bandas como: Slaves, Coldplay, I Prevail, Of Mice & Men, Linkin Park, Asking Alexandria, Crossfade, etc... 
Do Brasil, temos bandas como Fresno, Scalene, Nx-Zero.

6. Vocês possuem outros projetos além da banda Sentido Proibido?
R: O guitarrista solo da banda (Hernani Silva), faz parte da banda Singra também, que é uma banda de Metal.
O Baterista (Fau Spalsh) trabalha com Sonoplastia e Produção Musical.

7. Deixem um recado para as Metaleiras Negras e os Metaleiros Negros que acompanham a página.
R: União, amor, muita luz, continuem apoiando a página, continuem apoiando a arte. Que nós artistas continuaremos sendo a voz daqueles que têm voz e precisam de ser ouvidos.

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Obrigado à pagina pelo convite. É uma honra pra banda estar dando entrevista para vocês e esperamos poder estabelecer uma ponte e poder levar o nosso som ao Brasil e trabalhar com bandas e artistas brasileiros.

SENTIDO PROIBIDO 
PELO AMOR À MÚSICA 
PELO AMOR AO ROCK

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Entrevista - Concreto Armado: rock autoral e independente

Concreto Armado. Foto: Ingrid Maia.

Em mais uma entrevista realizada pela página Metaleiras Negras, vamos conhecer a banda Concreto Armado, que conta com Júlio Brito no vocal, Mayco Rodrigues e Luiz Augusto nas guitarras, Felipe Gonçalves no baixo e Raphael Teixeira na bateria.


1. As letras são em português e possuem uma crítica social muito forte. Qual é a importância de letras em português para uma banda de rock autoral e independente? E por que Concreto Armado?
No nosso caso, o fato das letras serem português é uma condição muito natural. Não faz parte da nossa realidade o domínio de um outro idioma, infelizmente até. Mas a pergunta é interessante, porque traz a dimensão da relação com a identidade da linguagem que a gente quer expressar. É um conteúdo crítico, uma leitura de mundo que apesar de ser um papo reto, também dá margem pra alguma subjetividade, o que torna o resultado do trampo ainda mais interessante. Ser autoral e independente é uma questão de resistência em qualquer contexto e, no nosso caso, ser entendido por pessoas que tão vivendo nesse tempo e falam como a gente é o mais importante.

Concreto Armado é essa analogia a uma estrutura forte, mas não suntuosa, enfeitada. É a tentativa de trazer uma linguagem funcional sem ser simplista. É um tipo de postura perante as coisas em vários aspectos. Concreto Armado remete a uma força imanente, possível e necessária.


2. Como a formação dos integrantes influencia na criação das letras?
Cada um tem uma vivência específica, mas o fato de sermos da mesma geração e morarmos na região metropolitana do RJ aproxima o nosso ponto de vista sobre várias questões. Lógico que não é um pensamento uníssono, o que é ótimo, porém a gente tem um pensamento alinhado num mesmo espectro político. A experiência de viver esse contexto histórico atual dá margem pra muita troca de ideia, assunto e informação, o que ajuda na criação da linguagem do conteúdo da banda e no que a gente quer passar.

3. Vocês lançaram o EP Insustentável em julho de 2019. Atualmente, estão compondo e produzindo um novo EP. Como está sendo o processo de criação das letras diante do cenário político atual?
O cenário político atual tá descortinando coisas tão absurdas da vida política brasileira que é difícil até se localizar, se referenciar, centrar as ideias. Mas assunto num falta, né. O Insustentável foi uma consolidação nossa enquanto banda independente na Cena da região e avaliamos o resultado enquanto muito positivo. O feedback das pessoas foi muito bom e a gente gostou do resultado do produto, apesar de ter sido um processo caótico, com troca de integrantes já no período da produção e tal. Pra esse agora, a gente tem um pouco mais de calma e experiência em termos técnicos mesmo. Em relação as letras tem sido natural. O contexto é calamitoso, o que torna a linguagem ainda mais direta. As letras tão saindo mais curtas, mais diretas e se preocupando em registrar o momento, sem espaço pra muita ambiguidade. No Estado do Rio vários grupos neonazistas tão buscando afirmação e legitimidade, a polícia que sempre matou muito tem cada vez mais respaldo pra continuar fazendo as atrocidades que faz. O governador é um psicopata, um cara desprezível, que acaba representando um bando de desesperados e de desprezíveis. As letras tão saindo nesse sentido. As letras e o som da banda, como um todo. O resultado é que acaba sendo um EP mais direto e mais pesado que o anterior, o que vai agradar algumas pessoas e desagradar outras, porém sair da zona de conforto é sempre estimulante.



Concreto Armado. Foto: Ingrid Maia.
4. Como é a cena rock/metal em Niterói e São Gonçalo? Em quais eventos vocês já tocaram?

São Gonçalo é um município com pouco mais de 1 milhão de pessoas, Niterói tem em torno de 500mil, cada um com sua especificidade, mas pertencentes a região metropolitana de uma metrópole como o Rio de Janeiro. Existe uma potencialidade muito grande nessas cenas, na conjuntura atual. Muita banda boa, uma galera se reunindo pra produzir conteúdo, festivais, audiovisual, estúdios. Em SG tem o Rock n' Beer, que é um bar que toca banda autoral todo domingo, o ano todo, por exemplo. Lógico que isso deveria ser um fato normal, mas no contexto das cenas do Estado do Rio não é já faz alguns anos. Em Niterói tem o Coletivo Guerrilha, que organiza eventos que reúnem música, literatura, fotografia,mida e diversas outras expressões e identidades das subculturas urbanas, tudo isso com um caráter antifascista. A perspectiva é sempre de que melhore, mas a ideia é não tentar se iludir ou projetar alguma coisa muito grande e tal. O importante é trabalhar com o que tem e buscar criar mecanismos de sempre melhorar o que tá fazendo, quantitativa e qualitativamente. Ou seja, fazer as coisas, produzir e buscar melhorar individual e coletivamente, sempre.

Entre 2017 e o início de 2020 nós tocamos em alguns espaços de São Gonçalo, Niterói e Rio de Janeiro. O palco do Rock n' Beer com certeza foi o que a gente mais subiu. São parceiros nossos e fundamentais pra reestruturação da cena local. Tocamos também da Lona Cultural Herbert Vianna, na Maré, no DCE da UFF, no Skate Park em Madureira e na Praça Araribóia, num ato antifascista. Subimos em palcos consagrados da região, como o Bar do Blues, Calabouço, Planet Music e Heavy Duty. Pudemos participar ainda de grandes eventos como o Guerrilha Fest, o Rock Noel, o Festival Rock Metropolitano e o Dia Municipal do Rock na cidade de Niterói.


5. Quais são as referências da banda? E as referências negras?
As referências coletivas são Sepultura, Rage Against, System, Planet Hemp, RDP, alguma coisa do rap. Por outro fazendo um apanhado geral de cada membro da banda, podemos citar como referências Nação Zumbi, Black Alien,Tim Maia, Racionais Mc's, Sabotage, Jorge Ben, Luiz Melodia, Bezerra da Silva, James Brown, Chuck Berry, Minnie Riperton, Bad Brains, Living Colour, William DuVall, Derrick Green, Tupac, Bob Marley, Peter Tosh, Tony Royster Jr. No que diz respeito a forma como enxergamos a realidade, são referências Carlos Mariguella, Milton Santos, Angela Davis e os Panteras Negras, Malcom X, Achille Mbembe, Albert Memmi.

6. Vocês possuem outros projetos além da banda Concreto Armado?
Não, atualmente tudo que a gente tem feito nesse sentido tá canalizado no projeto Concreto Armado.

7. Deixem um recado para as Metaleiras Negras e Metaleiros Negros que acompanham a página.
Pra gente foi um privilégio participar dessa entrevista. A gente acompanha e admira muito o trampo de vocês. É muito importante esse tipo de coletivo, trazendo esse tipo de informação e abrindo o leque de bandas que possuem um diálogo e uma postura frente a cena e ao contexto atual. Continuem firmes e faremos o máximo pra nos mantermos firmes também! A vida segue e a gente tem que seguir e cada vez mais nesse espírito de união e fortalecimento. Tamo junto pro que precisarem e vamo que vamo. Ouçam a Concreto Armado e leiam Metaleiras Negras.


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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Entrevista - Ogum: ancestralidade e resistência no thrash metal



Na terceira entrevista realizada pela página Metaleiras Negras, vamos conhecer a banda de thrash metal Ogum, que conta com Felipe Andrade no baixo e no vocal, Filipe Moreira na guitarra e Hermes Luan na bateria.

1. O nome da banda é uma referência ao orixá responsável pela forja do ferro e pela guerra. Qual é a relação entre o orixá e a proposta da banda?
Sob a perspectiva de três brasileiros afrodescendentes de classe media baixa, a banda em sua temática aborda questões de cunho social, político, religioso, neo-colonialismo, subjugo de povos e resistência. Ogum nesse sentido representa muita coisa, cultura nacional, ancestralidade e resistência são algumas delas.

2. Qual é a importância do nome Ogum para a nossa ancestralidade dentro do rock em um momento político tão sombrio como esse, onde os preconceitos sempre existentes em nossa sociedade estão cada vez mais escancarados e explícitos?
A ideia inicial era encontrar um nome mais representativo em termos cultural, e fugir um pouco do padrão eurocêntrico. Isso foi em meados de 2012, mas atualmente o nome ganhou um significado muito maior. Percebemos que hoje, quando escutam o nome da banda, naturalmente as pessoas já a associam a um tipo de posicionamento, algum tipo de enfrentamento, digamos assim.

3. Como é a cena rock/metal de Belo Horizonte? Em quais eventos vocês já tocaram?
Dividida em nichos, apesar de serem muitos fãs do gênero, rola uma divisão por região e classe. Isso se acentuou depois que o cenário político do país se tornou mais bizarro, mas sempre têm bandas, produtores e casas de show se esforçando para mantê-la. Tocamos no Virada do Metal, Metal Age Fest, Camisa Preta Metal Festival, Independência Grot, Hellraiser Fest Bowl Zoo, Rock Tonelada, Rock no Parque, Demolição Dissonante, Infernal Domination, Domination X-threme Fest, dentre vários outros.

 4. Vocês lançaram em 2015 o EP Panorama of Destruction, que inclusive tem um videoclipe oficial da música que dá nome ao EP. Estão trabalhando um novo material?
O EP foi lançado em 2015 e estamos trabalhando na produção do nosso disco.

5. Quais são as referências da banda? E as referências negras?
Além das bandas clássicas como Exodus, Anthrax, Metallica, Slayer, Black Sabbath, UFO, Iron Maiden, Thin Lizzy, podemos citar também o Bad Brains, Living Colour, Run DMC, Jimi Hendrix, Chuck Berry, Little Richard, BB King, Ray Charles, Muddy Waters, fora as diversas músicas de outros gêneros que vão da música clássica ao rap.

6. Vocês possuem outros projetos além da banda Ogum?
Apesar de não faltarem ideias, não temos nenhum outro projeto além da banda.

7. Deixem um recado para as Metaleiras Negras e Metaleiros Negros que acompanham a página.
Curtam e acompanhem a página, compartilhem os zines com as pessoas, estamos sempre carentes da nossa ancestralidade, principalmente nesse âmbito musical do rock/metal.

Links das redes sociais:
Instagram: @ogum.thrashmetal

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Tatuagem em pele negra: escolha e cuidados por Edgar Lima

Edgar Lima

Entrevista realizada para a 6ª edição do jornal das Metaleiras Negras, em novembro de 2019.


Perguntei para o Edgar Lima, tatuador e parceiro da página Metaleiras Negras, algumas dicas de tatuagem em pele negra.

Metaleiras Negras: Qual a dica para a escolha da tatuagem?
Edgar: Muito importante a escolha de desenhos com traços grossos, no tamanho de médio para grande e ter espaço para deixar pele à mostra.

Metaleiras Negras: E as tatuagens coloridas em pele negra, existe algum cuidado especial?
Edgar: Sim, cuidados são muito importantes, seguir os cuidados corretos para uma boa cicatrização, por que nada mais é que um ferimento, usar algo para proteger nos primeiros dias plástico filme, uso de pomadas cicatrizantes até a formação da pele e evitar tomar sol durante um mês ou mais.

Metaleiras Negras: Pessoas negras e o mercado de trabalho.
Edgar: Somos treinados para ser 2x melhores por que somos cobrados, então vejo muitos negros com medo de fazer tatuagem a mostra ou mesmo fazer a primeira por medo de não ser aceito.

Metaleiras Negras: Manda um recado para as Metaleiras Negras e os Metaleiros Negros que acompanham a página.
Edgar: Vocês podem ser o que quiser, então sem medo de ser e de ter. Bjuuu do Edy.


Algumas tatuagens feitas pelo Edgar Lima:


Tatuagem sorteada no 3º Encontro das Metaleiras Negras.

Tatuagem sorteada no 4º Encontro das Metaleiras Negras.

Tatuagem realizada pelo Edgar Lima.

Entrevista - Hardgainer: resistência e diversidade no metal extremo

Hardgainer (Fabrício, Jobam, Patrick, Ellen e Raul). Foto: Yasmin Balbino (@yasminbalbino.ph)  Em mais uma entrevista realizada pela página ...